Garota de Ipanema vira 'vovó' em reportagem da 'Economist'


Há muito mais mulheres do que homens vivendo no Rio de Janeiro e, segundo a edição desta sexta-feira da revista britânica The Economist, isso é facilmente visível nas areias de Ipanema. Em reportagem intitulada "A vovó de Ipanema", a revista diz que, como em qualquer outro país onde a população está envelhecendo, o Brasil tem mais mulheres do que homens.

Mas a revista ressalta que o desequilíbrio é particularmente marcante no Rio de Janeiro, onde há 100 mulheres para cada 86,4 homens, em comparação com 100 mulheres para cada 95 homens nas outras grandes cidades brasileiras."Quando se observa o uso econômico de tecido para cobrir as carnes que desfilam de um posto a outro na Praia de Ipanema, no Rio de Janeiro, os pensamentos se voltam imediatamente para a demografia", diz a reportagem.A revista afirma que há basicamente três razões para isso, entre elas a diminuição da taxa de natalidade."Apesar de a Igreja Católica e o governo terem desencorajado a contracepção por décadas, as brasileiras decidiram ter menos filhos", diz a reportagem."Como resultado, a taxa de fertilidade caiu de 6,2 nascimentos por mulher em 1960 para cerca de dois hoje em dia, quando as pessoas vivem por mais tempo."

"Nos últimos dez anos, a expectativa de vida aumentou de 68,9 anos para 72,4 anos", acrescenta a Economist. "Uma população mais velha significa mais mulheres do que homens, porque as mulheres tendem a viver mais tempo."

Migração e violência

A reportagem destaca ainda a mudança das mulheres de zonas rurais para as cidades, para trabalhar como empregadas domésticas."Em Copacabana, está um dos lugares mais desequilibrados de todo o país, graças à grande concentração da população acima dos 65 anos (desproporcionalmente feminina) e suas empregadas."

O terceiro fator, ainda segundo a revista, é a violência. "A taxa de assassinatos no Rio, de 40 por cada 100 mil habitantes, é chocantemente alta, e a maioria das vítimas são homens jovens."

A reportagem então pergunta se o tamanho dos biquínis na praia de Ipanema tem alguma relação com a proporção entre homens e mulheres na cidade. Mas a revista conclui que não, já que o excesso de mulheres se encontra principalmente na faixa etária das avós."O problema do biquíni vai precisar de mais algum estudo", afirma a Economist.