Idosos engrossam o grupo de risco da AIDS

Desde os anos 80 a AIDS vem sendo como um problema de saúde pública e para muitas campanhas vêm sendo feitas, enfocadas nos chamados “grupos de risco”, para promover o sexo seguro, na tentativa reduzir os fatores de contaminação. Homossexuais, prostitutas, usuários de drogas injetáveis, jovens heterossexuais formavam o grupo de risco. Mais recentemente, mulheres casadas também foram incluídas no grupo. Agora tem crescido também o número de pessoas com idade acima de 50 anos detectadas com a doença. 
De acordo com o "Boletim Epidemiológico AIDS/DST" divulgado pelo Ministério da Saúde, o número de pessoas com 50 anos ou mais infectadas subiu 171% de 1995 a 2005. Em dez anos, o número de casos registrados passou de 1.528 para 4.153. 
No Piauí os dados estatísticos da Secretaria Estadual de Saúde (Sesapi) ainda não são significativos, mas já demonstram um aumento do contário entre idosos. Em 2006 na faixa etária entre 50 e 79 anos foram encontrados 20 pessoas contaminadas com o HIV. Em 2007 o número de casos subiu para 38 casos, na mesma faixa etária. Em 2008, até 15 de setembro, já foram detectados 9 casos. 
Uma das justificativas para este aumento de contágio no grupo de pessoas acima de 50 anos foi o surgimento de medicamentos estimulantes sexuais no mercado. Margareth Batista, diretora do Centro de Convivência do Idoso Lineu explica que as pessoas nessa faixa etária não foram educadas para usar preservativos. “Com o aparecimento destas novas drogas muitos idosos aumentaram a prática sexual. O problema é que não estão preparadas para evitar as doenças que são consequencia do sexo inseguro”, ressalta. 

Pensando nisso, o próximo tema da Campanha Nacional de combate à AIDS, que terá como dia D, o dia 1º de dezembro deste ano, será enfocada no idoso. Em Teresina, o idoso já está sendo alertado através de palestras e distribuição de materiais educativos em centros de convivência. “Mas a campanha será muito bem vinda. Hoje temos cerca de 54.000 idosos em todo o Piauí e nos centros de convivência atendemos menos de 30% disso. Com a campanha a nível nacional o alerta será bem maior. 

SEMANA DO IDOSO 
Esta semana muitos idosos já estão sendo alertados à respeito da necessidade de prevenção das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST´s) e da AIDS durante as comemorações da Semana do Idoso, que acontece entre os dia 22 e 26 de setembro. 

Segundo Margareth Batista o enfoque da Semana do idoso este ano é a qualidade de vida. “Estaremos levando aos nossos idosos informações sobre religiosidade, alimentação saudável, saúde bucal, importância da atividade física, bem como atividades adequadas para a idade e horários ideais da prática, e lógico, cuidados preventivos da saúde, como a prevenção de DST´s e AIDS”, ressalta. 

Atividades da Semana do Idoso 
- Acolhimento 
- Apresentações culturais 
- Palestras 
- Exibição de filmes 
- Oficinas 
- Exposição de trabalhos 
- Baile 
Locais onde acontecerão as atividades 
23/09 
- NAI Dirceu - 8h às 11h 
- Centro de Convivência do Parque Piauí – 15h às 17h 
24/09 
- Centro de Convivência Marly Sarney – 8h30 às 11h 
- Auditório Nossa Senhora da Paz – 14h às 17h 
25/09 
- Encontro dos Rios – 8h às 11h 
- União Artística Operária Piauiense – 15h às 17h 
26/09 
- Baile do Idoso na AABB – 17h 

INFORMAÇÃO E QUALIDADE DE VIDA 
Segundo a especialista em gerontologia, Odete de Sousa Leal, o idoso, assim como o jovem e o adulto, também necessita de orientação e os centros de convivência são parte importante neste papel. “Os idosos, assim como qualquer outra faixa etária, tem que estar ciente e orientado do seu papel na sociedade. É importante que eventos como este venham para levar informação e ajuda para que se vençam barreiras e se quebrem preconceitos que eles mesmos criam”, ressalta. 

Ela conta que uma das maiores dificuldades do idoso é a aceitação da velhice. “Muitos idosos não se aceitam ou não são aceitos pela família, tanto pela idade, como pela aposentadoria e inatividade. E é aí que entra a importância dos centros de convivência que levam reintegração social, atividades de laser e qualidade de vida para o idoso”, explica Odete. 

Maria Bandeira de Sousa de 82 anos apesar de nunca ter trabalhado fora de casa, sempre foi muito ativa no cuidado com o próprio lar. Depois que a velhice se aproximou se sentiu deixada de lado pela família. O marido recorreu ao centro de convivência, e incentivada por ele, ela também entrou. Hoje pratica ioga, biodança, atividades físicas e integra o coral do centro. “Eu era tão tímida! Tinha vergonha de tudo e me sentia muito sozinha. Hoje tenho amigos, saúde e faço tudo que quero”, afirma. 

A ex-auxiliar de enfermagem Odete Mendes Meneses, de 79 anos, também afirma que a entrada no Centro de Convivência do idoso transformou sua vida. “Me aposentei há nove anos e comecei a me dedicar à igreja. Mas sempre fui muito ativa e sentia falta de mais atividade na minha vida. Só consegui preencher este espaço há cinco anos, quando entrei no centro de convivência. Hoje faço dança, atividades físicas, tenho muitos amigos e estou muito feliz”, ressalta.