Andropausa só é detectada com avaliação minuciosa, diz especialista

São Paulo - Enquanto todas as mulheres vivem a menopausa, estima-se que apenas 15% dos homens sentem os efeitos da andropausa. Este é o termo popular para Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino (DAEM) ou para hipogonadismo tardio, e refere-se à queda da produção de testosterona, hormônio sexual masculino. "Por isso que a andropausa só é detectada com exame de sangue e avaliação minuciosa, pois a baixa de testosterona pode estar associada a outros problemas", diz o urologista Celso Gromatzky, do Núcleo Avançado de Urologia do Hospital Sírio Libanês.

Segundo o especialistas, diferentemente da realidade feminina, não são todos os homens que vão apresentar alteração hormonal, a ponto de causar piora na qualidade de vida. A andropausa pode surgir a partir dos 50 anos e apresenta os seguintes sintomas: perda de libido, disfunção erétil, redução da massa muscular e da força física, aumento da gordura corporal, perda óssea, diminuição da vitalidade e depressão. No entanto, a redução na produção de testosterona também pode estar relacionada a fatores como sedentarismo e estresse.

É possível também associar a baixa de testosterona a causas pontuais, como um acidente, por exemplo, que afete os testículos - principais glândulas produtoras do hormônio - ou uma má-formação congênita. Ou, ainda, alterações na hipófise, glândula que produz hormônios. Entram também na lista viroses como a caxumba na fase adulta, que pode atrofiar os testículos. "É muito comum haver homens com varicocele, ou seja, varizes na bolsa escrotal, que são responsáveis não somente pela baixa produção de testosterona como também por infertilidade", avisa o endocrinologista Elsimar Coutinho. 

A única solução para amenizar os efeitos da andropausa e a baixa de testosterona, causada por fatores adversos, é a reposição hormonal. E, ao contrário do que se imaginava, receber uma carga extra de hormônio masculino não aumenta o risco de câncer na próstata. Esta descoberta foi divulgada por publicações científicas internacionais no fim do ano passado, e foi aceita pela Sociedade Internacional de Andrologia, Sociedade Internacional para o Estudo do Homem Idoso e as sociedades europeia e americana de urologia.

Riscos

No entanto, deve-se adotar esse recurso com parcimônia. Quem recebe reposição hormonal deve fazer avaliações periódicas, pois existem reações adversas à testosterona. A principal é a poliglobina (excesso de glóbulos vermelhos), que provoca viscosidade no sangue e acaba prejudicando a circulação. Consequentemente, aumenta-se o risco de derrame (acidente vascular cerebral) e doenças cardiovasculares.

Ciça Vallerio