Idosos estão sob risco da hepatite C, alertam médicos

A hepatite C será um problema de saúde cada vez mais presentes entre idosos, o que demanda uma preparação dos serviços de saúde, alertaram especialistas reunidos ontem em São Paulo para evento científico que marca os 20 anos da descoberta do vírus C da doença. O cientista americano Harvey Alter, responsável pelo sequenciamento proteico do vírus HCV há 20 anos, destacou que os mais velhos foram os mais expostos aos principais meios de transmissão do vírus no passado, como a transfusão de sangue contaminado.


“O vírus não é novo, ele está aqui há muito tempo, mas no passado não éramos preocupados com esterilização, a transfusão de sangue não era segura. As pessoas infectadas ficam mais velhas e há maior risco de a doença se manifestar, pois elas desenvolvem deficiências imunológicas. A presença do vírus por 40 ou 50 anos começa a trazer problemas”, diz Alter. Ele disse que também no Japão e nos Estados Unidos a presença de anticorpos contra o HCV entre os mais jovens é insignificante, mas começa a subir a partir dos 50 anos até os 80, idade em que muitos pacientes descobrem ter câncer.


Evaldo Araújo, do comitê de hepatites virais da Sociedade Brasileira de Infectologia, enfatizou que nem todos os pacientes portadores do vírus necessitarão ser tratados. Mas, ele defendeu que todos os idosos que puderem sejam testados para a doença em seus check-ups. Araújo diz, porém, que ainda não há consenso para a teste geral da população, pois os exames não adiantariam sem uma adequada estrutura para tratamento. O cientista americano Qui-lim Choo, que participou da descoberta do vírus da hepatite C, enfatizou que o desenvolvimento de uma vacina contra a doença ainda está distante.


A hepatite é uma doença infecciosa que pode gerar danos ao fígado a longo prazo e é transmitida principalmente por via sexual e instrumentos infectados com sangue contaminado, como alicates de manicures. A doença é responsável por 16,5 mil casos anuais no País. O desenvolvimento da hepatite C é de longo prazo e pode causar problemas como infecção, como cirrose, varizes de esôfago, alterações hematológicas e câncer de fígado, poderão se manifestar na idade avançada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.