Para médicos, suposto guarda nazista John Demjanjuk de 89 anos pode permanecer em prisão na Alemanha

MUNIQUE, Alemanha - O suposto guarda de um campo de concentração nazista John Demjanjuk poderá permanecer na prisão, pois seu estado de saúde não é preocupante, disseram os médicos que atendem os detentos na penitenciária de Stadelheim, em Munique, na Alemanha.
Na terça-feira, o homem chegou ao país após ser extraditado dos Estados Unidos para enfrentar um processo no qual é acusado de ajudar a matar 29 mil civis - na maioria, judeus - em 1943, no que pode ser o último grande julgamento nazista da Alemanha.

O estado de saúde de Demjanjuk "é melhor do que se pode esperar de uma pessoa de 89 anos", assinalou o subdiretor da prisão, Jochen Menzel. Apesar de ressaltar que não há qualquer problema em deixá-lo na prisão, Menzel lembrou que sua avançada idade pode fazer com que sua saúde piore inesperadamente.

Os advogados do réu tinham alegado que ele não podia ser deportado por causa de seu precário estado de saúde, já que sofre de problemas na coluna, tem crises renais e precisa de ajuda para caminhar.

Enquanto isso, a procuradoria de Munique espera concluir em poucas semanas a acusação formal contra o suposto criminoso de guerra nazista.

O ucraniano nega qualquer colaboração com os nazistas, e alega que lutou nas fileiras soviéticas e foi capturado pelo Exército do Terceiro Reich, que lhe teve como prisioneiro até 1944. Demjanjuk lidera a lista dos 10 suspeitos mais procurados pelo Centro Simon Wiesenthal, e um juiz de Munique expediu um mandado de prisão em março para julgá-lo por supostamente ter ajudado nos assassinatos do campo de concentração Sobibor.

Ele se encontra na mira dos tribunais há décadas. Em 1986, os Estados Unidos lhe extraditaram a Israel, onde em primeira instância foi condenado à morte por ser supostamente o guarda chamado "Ivan, o Terrível", do campo de concentração de Treblinka.

No entanto, a Suprema Corte israelense anulou a condenação em 1993, ao concluir que provavelmente ele não era "Ivan", que seria outro ucraniano.

Demjanjuk retornou então aos Estados Unidos, mas em 2005 um tribunal americano ordenou sua deportação, após concluir que foi um guarda nazista em outros campos de concentração.
No dia 14 de abril, agentes de imigração dos EUA lhe detiveram em sua casa, mas uma corte interrompeu o processo de repatriação em resposta à apelação do filho de Demjanjuk, que alegou que a deportação de seu pai constituiria "tortura", em razão de seus problemas de saúde.