Pesquisa revela prestígio de idosos na Idade do Bronze


Análise de objetos e restos de esqueletos enterrados em cemitérios austríacos revela que indivíduos acima de 60 anos eram vistos como líderes

Trabalho artístico correspondente ao final da Idade do Bronze (865 - 860 a.C) mostra como artefatos - pulseiras, colares e ferramentas - conferiam poder. A imagem mostra uma águia como espírito protetor
Trabalho artístico correspondente ao final da Idade do Bronze (865 - 860 a.C) mostra como artefatos - pulseiras, colares e ferramentas - conferiam poder. A imagem mostra uma águia como espírito protetor (Thinkstock)
Um estudo realizado pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido, está conseguindo revelar alguns aspectos até agora desconhecidos sobre o papel dos idosos nas sociedades antigas. A análise de restos da Idade do Bronze (período que vai de 3.300 a.C. até 1.300-700 a.C.), na Áustria, sugere que os idosos passaram a ser vistos com mais reverência e respeito nesta época.
Para chegar a esta conclusão, a equipe – liderada pela pesquisadora Jo Appleby — se apoiou em dados de dois antigos cemitérios austríacos usados entre 2.200 a.C. e 1.600 a.C.
Como muitos bebês e crianças morriam naquele período, a expectativa média de vida era muito baixa: entre 26 e 29 anos. Apenas 3,5% das 714 pessoas enterradas no cemitério mais antigo (usado entre 2.200 a.C. e 1.800 a.C.) tinham mais de sessenta anos, e apenas 8,8% dos 258 indivíduos enterrados no cemitério mais novo (usado entre 1.900 a.C e 1.600 a.C.) alcançaram esta idade. Ao que tudo indica, idosos eram raros naquelas populações. 
Ao comparar os túmulos de pessoas mais velhas com os de pessoas mais novas, a pesquisadora observou padrões interessantes. No cemitério mais novo, os idosos passaram a ser enterrados com objetos que conferiam poder, como armas e ferramentas de bronze – um privilégio negado às pessoas mais novas. Mas apenas os homens: para o enterro de mulheres, não havia diferenciação.
A mesma pesquisa achou restos de pessoas com defeitos graves nos ossos do quadril. Como não foram encontrados objetos nestas covas (geralmente rasas, mostrando falta de empenho), os pesquisadores acreditam que pessoas com deficiências físicas tinham um status mais baixo nestas sociedades.